Setembro 19, 2023
Fernando Martins
Dentro de você existem dois lobos, qual deles você vai decidir alimentar? A pergunta de um milhão de dólares. Resolvo, no entanto, devolver com outra pergunta: Realmente existem dois lobos dentro de mim?
Gostaria aqui de citar um dos diálogos do mangá Vagabond. Vagabond é uma coleção de mangás do artista Takehiko Inoue, coleção baseada nos livros de Eiji Yoshikawa; um romance histórico sobre um dos personagens históricos mais famosos e um dos grandes mestres esgrimistas da história do Japão: Miyamoto Musashi.
O objetivo não é aqui falar sobre a obra, mas apenas citar um trecho (apesar de que ambos são extremamente recomendados). Um dos personagens das história é o monge (também um personagem histórico) Takuan. Em um dos muitos encontros entre Takuan e Musashi a conversa ronda sobre os sentimentos de Musashi. Ele não quer aceitar que tem sentimentos por uma personagem da trama. Takuan prontamente dá uma lição em Musashi e diz que Musashi é todas essas pessoas, o que nutre sentimentos Otsu, o excelente esgrimista, o que gosta de fazer brincadeiras com Takuan e todas as outras facetas de sua personalidade.
Em um desses diálogos Takuan diz: Preocupado com uma única folha você não verá a árvore. Preocupado com uma única árvore você não verá a floresta.
O ponto aqui é que não existem dois lobos ou mais dentro de cada pessoa. E se existissem você com certeza deveria procurar um médico pois o total saudável de lobos dentro de um ser humano é zero. O que existem somos nós e cada faceta que eu mostro sou eu. Eu sou a pessoa que consegue dormir cedo no domingo para começar bem a semana e também sou a pessoa que vai dormir tarde no domingo mesmo sem precisar e acorda desmotivado e com sono na segunda cedo. Meu objetivo não é ser um coach, apesar de parecer. É o de tentar entender que todos os meus comportamentos sou eu. Somente aceitando quem eu sou, posso mudar e me tornar a pessoa que eu quero ser.
No exemplo dado acima sobre dormir tarde sem necessidade no domingo, apenas aceitando que sou eu quem fiz isso é que posso mudar de comportamento, buscando alternativas para não repetir algo que não me faz bem.
A jornada não é fácil, mas ela é possível. Como disse o próprio Musashi, passo a passo, caminhe a estrada de mil milhas. Seja gentil consigo mesmo. Gentileza não é um sinal de fraqueza, muito pelo contrário (por sinal, este é um outro texto que estou preparando), é um sinal de força. É preciso força para se perdoar e se permitir errar. Aceitando os erros podemos entender o que é preciso para melhorarmos, tudo é um processo e todo processo começa em algum ponto.
“Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar”.